Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a sua herança’. Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?» Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que falava deles e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do povo, que O considerava profeta.
| Arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo
Há quem defenda que esta parábola é um forte fundamento para justificar que a Igreja é o povo capaz de produzir e entregar os frutos a seu tempo. Podemos chamar a esta proposta a «teoria da sucessão». O povo de Israel foi infiel a Deus. E, por isso, Deus oferece a sua vinha à Igreja, povo fiel. Na verdade, há uma teologia cristã que apresenta a Igreja como o novo Povo de Deus. Talvez não seja bem assim! Considerar a Igreja como o (único) povo eleito de Deus pode conduzir (e, de facto, já conduziu em tempo medievais) à intolerância e ao menosprezo das outras religiões. Deus não pode querer isso. Pelo menos, o Deus revelado em Jesus Cristo não pode admitir que só alguns sejam eleitos de Deus. Além disso, a parábola não tem apenas um alcance histórico. Ela não abrange somente o tempo histórico do povo de Israel e da morte de Jesus. Hoje, a «ameaça» de Jesus continua válida: «Arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Esta advertência dirige-se a todas as pessoas que pretendem ocupar o lugar de Deus, tornando-se «proprietários» da vinha.
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