Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: «Se Eu der testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não será considerado verdadeiro. É outro que dá testemunho de Mim e Eu sei que o testemunho que Ele dá de Mim é verdadeiro. Vós mandastes emissários a João Baptista e ele deu testemunho da verdade. Não é de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para que sejais salvos. João era uma lâmpada que ardia e brilhava e vós, por um momento, quisestes alegrar-vos com a sua luz. Mas Eu tenho um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai Me deu para consumar – as obras que realizo – dão testemunho de que o Pai Me enviou. E o Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua figura e a sua palavra não habita em vós, porque não acreditais n’Aquele que Ele enviou. Examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; são elas que dão testemunho de Mim e não quereis vir a Mim para encontrar essa vida. Não é dos homens que Eu recebo glória; mas Eu conheço-vos e sei que não tendes em vós o amor de Deus. Vim em nome de meu Pai e não Me recebeis; mas se vier outro em seu próprio nome, recebê-lo-eis. Como podeis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não procurais a glória que vem só de Deus? Não penseis que Eu vou acusar-vos ao Pai: o vosso acusador será Moisés, em quem pusestes a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim, pois ele escreveu a meu respeito. Mas se não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?».
| O Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim
O capítulo quinto do evangelho de João é fundamental para compreender a «revolta» contra Jesus. Os chefes religiosos não aceitam que Jesus tenha curado o paralítico que tinha vivido abandonado durante 38 anos, junto da piscina de Siloé, em Jerusalém (terça-feira da quarta semana da Quaresma). Jesus é considerado um «blasfemo». Tem de ser condenado à morte. Perante esta hipocrisia religiosa, na continuação do texto de ontem (quarta-feira da quarta semana da Quaresma), Jesus apresenta-se como enviado pelo Pai. É o Pai que dá testemunho d'Ele. «O Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim». Qual é este testemunho? Em que consiste? O testemunho são as obras que Jesus realiza. As palavras não são o mais importante. «As obras que o Pai Me deu para consumar – as obras que realizo – dão testemunho de que o Pai Me enviou». O cristão é reconhecido pelas suas obras. O testemunho do cristão consiste em entregar a sua vida para aliviar o sofrimento dos outros. Para dar vida. Para transmitir esperança. Para estar do lado dos que são abandonados e marginalizados. Estas são as (únicas) obras dignas de crédito. São elas — as obras — que dão testemunho da nossa adesão a Jesus Cristo. «A caridade pede que se diga a verdade, que nos ponhamos do lado da vítima, dando-lhe voz, tornando-nos a voz daqueles que não têm voz. [...] Para um cristão, a primeira e última razão determinante da caridade é a actuação de Jesus Cristo, a sua prática de humanidade e de caridade que tem sempre em vista a liberdade da pessoa humana» (Luciano Manicardi). Aqueles e aquelas que procuram glória e honras, títulos e distinções, podem chegar aos mais altos lugares religiosos ou civis. Mas nunca acreditaram em Jesus Cristo. «Como podeis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não procurais a glória que vem só de Deus?».
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