Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Aquele que vem do alto está acima de todos; quem é da terra, à terra pertence e da terra fala. Aquele que vem do Céu dá testemunho do que viu e ouviu; mas ninguém recebe o seu testemunho. Quem recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro. De facto, Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus, porque Deus dá o Espírito sem medida. O Pai ama o Filho e entregou tudo nas suas mãos. Quem acredita no Filho tem a vida eterna. Quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele».
| Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus
O evangelho segundo João é uma reflexão teológica sobre Cristo. Os outros evangelhos (Marcos, Mateus e Lucas) são mais históricos, relatam acontecimentos da vida de Jesus Cristo. O autor deste (quarto) evangelho faz uma reflexão sobre Jesus Cristo. Neste sentido, conforme o relato de hoje, Jesus é «Aquele que vem», é o enviado de Deus. Ele «abandona» a sua condição divina, a sua glória, os seus poderes, a sua autoridade. E assume a condição humana, terrena, limitada, efémera, mortal. Esta é a sua missão: enviado pelo Pai para nos dar a conhecer a vida de Deus. «Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus». Renova-se aqui também a dinâmica amorosa de Deus (Pai). No entanto, nem todos acolheram e nem todos acolhem Jesus Cristo e a sua missão. Talvez porque não querem perder os seus poderes. Porque a proposta de Jesus passa sempre pelo despojamento. A credibilidade de Jesus Cristo, tal como a nossa credibilidade, não tem origem na autoridade, mas na coerência de vida.
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