Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».
| Sou Eu mesmo; tocai-Me e vede
Os relatos pascais destacam a ligação entre Jesus Crucificado e Jesus Ressuscitado. É o mesmo. Por isso, Jesus Cristo ressuscitado mostra as mãos e os pés. «Sou Eu mesmo; tocai-Me e vede». Diz aos discípulos para não terem medo. E até come com «diante deles». Os sinais da identidade de Jesus Cristo são os mesmos, antes e depois da morte: mãos, pés, carne, ossos... Curiosamente — ou talvez não — os textos dos evangelhos não distinguem o Cristo humanizado do Cristo glorificado. Após a ressurreição, não são evidenciados o poder, a glória, a divindade... mas continua a ser evidenciada a dimensão humana. Deus, em Jesus Cristo, humanizou-se para sempre. E nunca mais abandona esta ligação ao humano. A melhor forma de nos relacionarmos com Deus continua a ser através da humanidade. Apesar disso, há quem continua a preferir — e até a defender como única — uma relação com Deus através do «divino». Procurar o Deus de Jesus Cristo fora do humano é contradizer tudo o que Jesus Cristo revelou; é contradizer tudo o que os evangelhos nos testemunham. «Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras».
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