Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.
| Reflexão
A lepra era uma das doenças mais detestadas, nos tempos antigos. Era uma desgraça social. Nela se englobava quase todo o tipo de doenças da pele. Era tão detestada que aquele que a contraía era considerado religiosamente «impuro». Por isso, os leprosos eram expulsos das cidades. E tinham de viver sozinhos, em descampados ou desertos. A religião judaica em vez de ajudar o leproso, o que fazia era aumentar os seus sofrimentos e humilhações. Mas Jesus (como sempre) assume uma atitude nova. O texto diz que Jesus teve uma atitude proibida: tocou no leproso. Jesus inaugura uma nova forma de viver em sociedade: não marginaliza, não exclui; mas deixa-se aproximar, compadece-se e toca o «impuro». Quem tocasse num leproso, porque este era impuro, também ficava impuro. Mas, neste caso relatado no evangelho, acontece exactamente o contrário: Jesus toca o leproso e «no mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo». É curioso notar que a partir desse momento quem tem de se afastar é Jesus. É certo que não se trata do mesmo motivo. Mas o texto termina dizendo que Jesus «não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos». Aquele que curou assume a condição do que foi curado. Jesus tornou-se de tal forma solidário com o excluído que é Ele que acaba também excluído! Jesus identifica-se totalmente com os que sofrem. E assume as consequências!
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