No dia seguinte ao seu primeiro testemunho, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água». João deu este testemunho, dizendo: «Eu vi o Espírito Santo descer do céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
| Reflexão
Para os judeus, o cordeiro simboliza a libertação da escravidão do Egipto. E a libertação do pecado mediante o sacrifício do cordeiro. Tudo isto, está associado a uma ideia de perdão obtida através da morte e do sangue. É a teologia de um Deus violento. Um Deus que precisa de sofrimento, destruição, sangue e morte, para que seja possível a relação entre o Ele e o ser humano. Certamente que João Baptista tinha influência deste tipo de teologia, tal como a maioria dos judeus. Por isso, aplica a Jesus o título de «Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo». O mais grave é que, ainda hoje, há pessoas que pensam assim! E imaginam que a dor é uma dádiva de Deus. E que o sofrimento, por si mesmo, nos aproxima de Deus. E pior ainda é quando esta teologia está na base de grupos ou instituições religiosas. O Deus de Jesus Cristo não precisa de sangue para perdoar. Jesus foi assassinado. Não foi sacrificado. Aliás, foi assassinado por combater esse tipo de religião que privilegiava a dor e a morte como meio de aproximação a Deus. Jesus substituiu o sacrifício pela refeição partilhada. Isto é a Eucaristia. Um outro símbolo presente no texto, este bem mais positivo, é a pomba. A pomba, no judaísmo primitivo, indicava Israel. Agora, o Espírito que desce sobre Jesus em forma de pomba indica o novo Israel. É o tempo da purificação e do verdadeiro conhecimento de Deus, através do Espírito. Esta sim é a teologia proclamada por Jesus. O cristão não se «sacrifica» a Deus. O cristão é a morada de Deus, tempo do Espírito. Com Cristo, pelo Baptismo, somos filhos amados de Deus. Ser filho de Deus é ser portador de um novo olhar: a capacidade de ver Deus naquela pessoa que tem a rua como casa, no vizinho que não partilha as mesmas ideias e valores, no doente que depende dos outros para manter viva a esperança, na jovem que dá o seu melhor para cuidar de um recém-nascido que não foi desejado; a capacidade de ver Deus na beleza natureza, na alegria da música e da dança. Está na hora de todos os cristãos entenderem a mensagem de Jesus!
Sem comentários:
Enviar um comentário