Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?». Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?». Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» – que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.
Há perguntas que podem mudar a vida! Uma delas é a que Jesus dirige aos amigos de João Baptista que decidem segui-l’O: «Que procurais?». São as primeiras palavras que o evangelista coloca na boca de Jesus. Uma pergunta que é dirigida a cada um de nós. Hoje, Jesus volta-se para ti e pergunta: Que procuras? E qual é a nossa resposta? Na experiência dos primeiros discípulos podemos descobrir três dimensões importantes para a nossa vida: chamamento; encontro; seguimento. Ficamos contentes quando nos reconhecem e nos chamam pelo nome. Alegramo-nos quando somos convidados a fazer parte de uma missão importante. Mas há outros chamamentos e outras tarefas, cuja iniciativa parte de Deus. Para nos referirmos a essa realidade temos uma palavra específica: vocação. A Bíblia está cheia desses convites de Deus feitos a pessoas de diferentes idades e condições sociais. A vocação tem uma estrutura interpessoal: supõe um encontro tu a tu entre Deus e aquele ou aquela que é chamado. Assim foi no Antigo Testamento. Assim foi no relato evangélico de hoje. E assim continua a ser hoje com os homens e mulheres que sabem corresponder aos apelos de Deus. Os dois discípulos de João Baptista caminham atrás de Jesus. E quando Lhe perguntam onde é que vive – «Onde moras?» – Jesus facilita o encontro convidando-os a ir com Ele: «Vinde ver». No processo da vocação é importante a experiência pessoal. Aqueles homens tornam-se discípulos, não por razões teóricas ou discursos, mas pela experiência: «Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia». Ver, conviver, sentir o olhar, partilhar a vida, atrai e cria vínculos de amizade e de amor. E provoca o testemunho: «Encontrámos o Messias». Um encontro que marca para toda a vida. O processo vocacional culmina com a resposta pessoal e livre de seguir Jesus. O «seguimento» – e não a imitação – é a terminologia que os evangelistas utilizam para expressar a adesão dos primeiros discípulos. E mais tarde é a mesma expressão usada para referir a vocação de todos os cristãos: seguir Jesus. Somos «seguidores» de Jesus. Pessoas que procuram seguir os seus passos. E, ontem como hoje, é impossível seguir Jesus sem a experiência do encontro pessoal; e sem a relação permanente com Jesus. Cada um de nós tem uma história. Todos temos um caminho percorrido. Nesse caminho, há também uma história de fé, o início da vida cristã, os primeiros conhecimentos sobre Jesus, os encontros com Ele, e tudo o que vamos experimentando ao longo dos anos. Seriamos diferentes se não tivéssemos conhecido Jesus? O encontro (ou desencontro) com Jesus define a nossa maneira de ser cristão. Quando dirigimos o nosso olhar para Jesus, Ele volta-se para nós e pergunta: «Que procurais?». Hoje, Jesus volta-se para ti e pergunta: Que procuras? Hoje, quem é que se atreve a perguntar-Lhe: «Onde moras?». E quem é que está disposto a ir com Ele, quando Jesus nos diz: «Vinde ver»? Este encontro com Jesus acontece de forma privilegiada na Eucaristia. Ele está no meio de nós. Ele vem tocar a vida de cada um de nós. Ele vem fortalecer a nossa amizade. Ele vem iluminar as nossas opções. Ele vem transformar a realidade em Boa Nova de Salvação. «Jesus abre um horizonte novo para a nossa vida. Pouco a pouco vai-nos libertando de medos e egoísmos que nos bloqueiam. Quem se coloca a caminho atrás d’Ele começa a viver com mais verdade e generosidade, com mais sentido e esperança. Quando alguém se encontra com Jesus tem a sensação de começa por fim a viver a vida desde a sua raiz, pois começa a viver desde um Deus Bom, mais humano, mais amigo e salvador que todas as nossas teorias. Tudo começa a ser diferente» (José Antonio Pagola).
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