— V Semana Bíblica — quarto dia — Emaús, laboratório da fé pascal —
A saudação do senhor dom António Moiteiro, novo bispo auxiliar de Braga, deu início à quarta e última sessão da semana bíblica do arciprestado de Braga, que teve lugar, às 21h, no Auditório Vita, na cidade de Braga.
Após a proclamação dialogada do episódio de Emaús, o padre João Alberto Sousa Correia caracterizou-o como um dos mais belos textos de toda a Sagrada Escritura. Trata-se de uma narrativa teológica bem construída e estruturada, que prende atenção do leitor/ouvinte e pode ser abordada sob vários pontos de vista. No contexto desta semana bíblica, cujo tema central é a fé (no evangelho de Lucas), o conferencista referiu que a sua reflexão iria incidir na relação dos dois discípulos com Jesus Cristo, deixando de lado outros aspetos. «Só este texto daria, não para um dia ou uma semana, mas para um mês bíblico», salientou.
«Emaús, laboratório da fé pascal» foi o título escolhido para a reflexão proferida pelo pároco de Frossos e Prado, perante uma assembleia de quatro centenas de pessoas. Este título pretende exaltar aquele que é o objetivo principal do texto: conduzir os leitores/ouvintes à fé (pessoal e comunitária). O episódio, que ocupa lugar central no capítulo 24 do evangelho segundo Lucas, foi situado dentro do contexto das narrativas da Ressurreição: as mulheres vão ao sepulcro (versículos um a doze); no caminho de Emaús (versículo 13 a 35); Jesus aparece aos Onze (versículos 36 a 43).
Em seguida, o padre João Aberto elencou os quatro «tempos» do texto de Emaús: o tempo da procura (versículos 13 a 16); o tempo do diálogo (versículos 17 a 27); o tempo dos gestos (versículos 28 a 31); o tempo da memória e da narração (versículos 32 a 35).
O terceiro ponto da reflexão foi dedicado pelo conferencista às personagens intitulando a sua intervenção da seguinte forma: «dois deles» (de derrotados a testemunhas); Jesus (da presença visível à invisível). Referindo-se a várias momentos da vida dos discípulos chamou a atenção para o facto de serem «dois deles» embora não tenham qualquer destaque em narrativas anteriores. «Lucas dá muitas vezes importância a personagens supostamente secundárias. É frequente, em Lucas, serem os derrotados, os excluídos e os abandonados a testemunharem os acontecimentos e a assumirem um papel importante no reconhecimento de Jesus», realçou o conferencista. Sobre Jesus, recordou que era o protagonista do relato, pois é quem toma a iniciativa, assumindo várias facetas durante o desenrolar dos acontecimentos. Além disso, a maneira como Jesus se situa no texto deixa-o em aberto, de tal forma que o leitor/ouvinte vai construindo ao longo da narração as características do protagonista e sempre que se debruça sobre o texto encontra novos aspetos do «rosto» de Jesus.
O percurso da fé dos discípulos foi o quarto ponto da reflexão. O padre João Alberto Correia apresentou-o de acordo com a seguinte sequência: o caminho e o diálogo; uma estranha cegueira; da tristeza ao ardor do coração (versículos 17 e 32); da espera(nça) frustrada (versículo 21) ao convite empenhado (versículo 29); da falta de fé ao testemunho da fé (versículos 21, 25 e 35). Salientando, de novo, que existindo várias opções de análise do texto, o conferencista concentrou a sua reflexão na personalidade dos discípulos. E sugeriu que a ausência do nome de um deles pode ser vista como uma estratégia do narrador para que cada um de nós se posso identificar como discípulo. O episódio descreve dois caminhos: de Jerusalém para Emaús e de Emaús para Jerusalém. Não se trata de um caminho inverso, mas de uma inversão, ou antes, uma conversão no caminho. A cegueira dos discípulos, salientou o conferencista, tal como na sessão anterior, é um forma de denunciar a incredulidade. A frustração provoca o regresso a casa, a ausência de sinais fez desaparecer a esperança. A noite não é apenas uma referência temporal, mas a expressão densa do fracasso. Não foram os discípulos que inventaram o «ardor» no coração, mas tornaram-se capazes de reconhecer esse «ardor» por ação de Jesus. Jesus Cristo vai ao encontro deles e vai conduzir os discípulos para o essencial e para a inversão no caminho. A presença de Jesus altera o percurso da viagem. Recorrendo às Escrituras, Jesus mostra a coerência de todos os acontecimentos. Antes, os discípulos não tinham sido capazes de compreender as Escrituras. Agora, o diálogo com Jesus serve para os ajudar a entendê-las. É a ação de Jesus que faz «abrir os olhos» dos discípulos. A hospitalidade dos discípulos torna-se também um «laboratório da fé pascal». A referência de que Jesus fez menção de continuar o caminho indica que é ele que vai à frente no processo da fé. Jesus aponta o caminho a quem o quer seguir. Nesta perspetiva, ficar com Jesus não é uma atitude estática, mas uma atitude de quem se dispõe a fazer caminho com Jesus para ir mais longe. «Esta é a atitude de quem fez a experiência no laboratório da fé pascal em Emaús», referiu o conferencista. Outro aspeto referido foi a importância da comunidade como a «sala» onde se faz a experiência e se partilha a fé pascal. A comunidade tem precedência na proclamação da fé. Só depois acontece o testemunho pessoal.
O padre João Alberto convidou cada um dos presentes a entrar neste laboratório da fé pascal e a fazer o seu próprio caminho. «Este episódio — concluiu — é um manual de como se faz um crente, de como se forja a identidade cristã».
O encontro terminou com uma oração evocativa do Ano da Fé e com as palavras do arcipreste de Braga. O cónego Manuel Joaquim Fernandes agradeceu aos dois conferencistas, destacou a grande afluência durante os quatro dias, desafiou todos os presentes a participarem na sexta semana bíblica, naquele mesmo local, entre os dias sete e dez de outubro do próximo ano.
Após a proclamação dialogada do episódio de Emaús, o padre João Alberto Sousa Correia caracterizou-o como um dos mais belos textos de toda a Sagrada Escritura. Trata-se de uma narrativa teológica bem construída e estruturada, que prende atenção do leitor/ouvinte e pode ser abordada sob vários pontos de vista. No contexto desta semana bíblica, cujo tema central é a fé (no evangelho de Lucas), o conferencista referiu que a sua reflexão iria incidir na relação dos dois discípulos com Jesus Cristo, deixando de lado outros aspetos. «Só este texto daria, não para um dia ou uma semana, mas para um mês bíblico», salientou.
«Emaús, laboratório da fé pascal» foi o título escolhido para a reflexão proferida pelo pároco de Frossos e Prado, perante uma assembleia de quatro centenas de pessoas. Este título pretende exaltar aquele que é o objetivo principal do texto: conduzir os leitores/ouvintes à fé (pessoal e comunitária). O episódio, que ocupa lugar central no capítulo 24 do evangelho segundo Lucas, foi situado dentro do contexto das narrativas da Ressurreição: as mulheres vão ao sepulcro (versículos um a doze); no caminho de Emaús (versículo 13 a 35); Jesus aparece aos Onze (versículos 36 a 43).
Em seguida, o padre João Aberto elencou os quatro «tempos» do texto de Emaús: o tempo da procura (versículos 13 a 16); o tempo do diálogo (versículos 17 a 27); o tempo dos gestos (versículos 28 a 31); o tempo da memória e da narração (versículos 32 a 35).
O terceiro ponto da reflexão foi dedicado pelo conferencista às personagens intitulando a sua intervenção da seguinte forma: «dois deles» (de derrotados a testemunhas); Jesus (da presença visível à invisível). Referindo-se a várias momentos da vida dos discípulos chamou a atenção para o facto de serem «dois deles» embora não tenham qualquer destaque em narrativas anteriores. «Lucas dá muitas vezes importância a personagens supostamente secundárias. É frequente, em Lucas, serem os derrotados, os excluídos e os abandonados a testemunharem os acontecimentos e a assumirem um papel importante no reconhecimento de Jesus», realçou o conferencista. Sobre Jesus, recordou que era o protagonista do relato, pois é quem toma a iniciativa, assumindo várias facetas durante o desenrolar dos acontecimentos. Além disso, a maneira como Jesus se situa no texto deixa-o em aberto, de tal forma que o leitor/ouvinte vai construindo ao longo da narração as características do protagonista e sempre que se debruça sobre o texto encontra novos aspetos do «rosto» de Jesus.
O percurso da fé dos discípulos foi o quarto ponto da reflexão. O padre João Alberto Correia apresentou-o de acordo com a seguinte sequência: o caminho e o diálogo; uma estranha cegueira; da tristeza ao ardor do coração (versículos 17 e 32); da espera(nça) frustrada (versículo 21) ao convite empenhado (versículo 29); da falta de fé ao testemunho da fé (versículos 21, 25 e 35). Salientando, de novo, que existindo várias opções de análise do texto, o conferencista concentrou a sua reflexão na personalidade dos discípulos. E sugeriu que a ausência do nome de um deles pode ser vista como uma estratégia do narrador para que cada um de nós se posso identificar como discípulo. O episódio descreve dois caminhos: de Jerusalém para Emaús e de Emaús para Jerusalém. Não se trata de um caminho inverso, mas de uma inversão, ou antes, uma conversão no caminho. A cegueira dos discípulos, salientou o conferencista, tal como na sessão anterior, é um forma de denunciar a incredulidade. A frustração provoca o regresso a casa, a ausência de sinais fez desaparecer a esperança. A noite não é apenas uma referência temporal, mas a expressão densa do fracasso. Não foram os discípulos que inventaram o «ardor» no coração, mas tornaram-se capazes de reconhecer esse «ardor» por ação de Jesus. Jesus Cristo vai ao encontro deles e vai conduzir os discípulos para o essencial e para a inversão no caminho. A presença de Jesus altera o percurso da viagem. Recorrendo às Escrituras, Jesus mostra a coerência de todos os acontecimentos. Antes, os discípulos não tinham sido capazes de compreender as Escrituras. Agora, o diálogo com Jesus serve para os ajudar a entendê-las. É a ação de Jesus que faz «abrir os olhos» dos discípulos. A hospitalidade dos discípulos torna-se também um «laboratório da fé pascal». A referência de que Jesus fez menção de continuar o caminho indica que é ele que vai à frente no processo da fé. Jesus aponta o caminho a quem o quer seguir. Nesta perspetiva, ficar com Jesus não é uma atitude estática, mas uma atitude de quem se dispõe a fazer caminho com Jesus para ir mais longe. «Esta é a atitude de quem fez a experiência no laboratório da fé pascal em Emaús», referiu o conferencista. Outro aspeto referido foi a importância da comunidade como a «sala» onde se faz a experiência e se partilha a fé pascal. A comunidade tem precedência na proclamação da fé. Só depois acontece o testemunho pessoal.
O padre João Alberto convidou cada um dos presentes a entrar neste laboratório da fé pascal e a fazer o seu próprio caminho. «Este episódio — concluiu — é um manual de como se faz um crente, de como se forja a identidade cristã».
O encontro terminou com uma oração evocativa do Ano da Fé e com as palavras do arcipreste de Braga. O cónego Manuel Joaquim Fernandes agradeceu aos dois conferencistas, destacou a grande afluência durante os quatro dias, desafiou todos os presentes a participarem na sexta semana bíblica, naquele mesmo local, entre os dias sete e dez de outubro do próximo ano.
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