Quem somos? – Eis a pergunta que este tempo de Advento nos coloca! A nossa identidade, «a identidade da Igreja descobre-se e acolhe-se na escuta da Palavra», refere o texto do nosso programa pastoral. Por isso, é necessário um diálogo simples e cordial com o Deus da esperança e das promessas. Um caminho sereno, tranquilo, marcado pela escuta da Palavra de Deus. «Todo o homem aparece como o destinatário da Palavra, interpelado e chamado a entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Assim Deus torna cada um de nós capaz de escutar e responder à Palavra divina. O homem é criado na Palavra e vive nela; e não se pode compreender a si mesmo, se não se abre a este diálogo» (Exortação Apostólica «A Palavra do Senhor»). Sem este diálogo com a Palavra, todo o caminho de Advento seria uma coisa externa a nós, não chegaria ao nosso interior. O Advento tem de ser vivido como um abrir o coração à Palavra, para que a presença salvadora de Deus penetre profundamente na nossa vida. Ao longo deste ano litúrgico, vamos ler e escutar (na maior parte dos domingos) o evangelho segundo Marcos. Hoje, foram proclamadas as primeiras frases encabeçadas pelo título: «Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus». Com Jesus tem «início» algo novo. É o início não apenas de um texto, mas de uma acção de Deus, que será revelada totalmente em Jesus Cristo. Tudo o que é anterior pertence ao passado. Com Jesus, chega ao mundo, em plenitude, a Boa Nova de Deus. A palavra «Evangelho» significa isso mesmo: «Boa Notícia». Esta Boa Nova é o próprio Jesus, o protagonista do relato escrito por Marcos. E para assegurar esta novidade, Marcos recorre aos textos do Antigo Testamento, como que a confirmar o cumprimento da promessa de Deus. «Está escrito no profeta Isaías: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João Baptista apregoa nas margens do rio Jordão um baptismo de conversão. Consiste numa mudança radical de mentalidade e de atitudes interiores. O motivo e a finalidade da conversão é preparar o caminho do Senhor que está a chegar. Hoje, estas palavras dirigem-se a cada um de nós. João Baptista convidava o povo a preparar a vinda do Messias. Neste Advento, como vais preparar a vinda de Jesus? Pensa em duas qualidades e virtudes que precisas de cultivar para preparar o teu coração para acolher Jesus Cristo. Esta é a primeira proposta! Mas também podemos retirar um desafio missionário deste texto do evangelho. Como João Baptista, hoje são necessários profetas capazes de ajudar os outros a acolher a Boa Nova de Jesus Cristo. Jesus tem de ser anunciado. E os caminhos têm de ser preparados e endireitados, para que esta Boa Nova chegue ao coração de cada pessoa, às famílias, à nossa comunidade paroquial, às instituições culturais e socias, às empresas e centros de formação, às ruas e a todos os ambientes do mundo. As nossas palavras e comportamentos têm que encher-se de valentia e força, como Isaías e João Baptista, para transformar a aridez do deserto em fontes de água viva. E nos tornarmos um povo alimentado pela Palavra, capaz de produzir os seus frutos!
Neste Advento, como vais preparar a vinda de Jesus? Este é um Advento, sem dúvida, com dimensão missionária, que exige de nós, os cristãos, uma atitude de constante conversão. Quando nos aproximamos dos mais necessitados, dos mais pobres, dos doentes, dos mais débeis das nossas famílias e da nossa sociedade… quando nos aproximamos daqueles e daquelas que precisam de ser consolados… então fazemos do Advento um caminho de esperança, um caminho largo por onde circula o amor de Deus, que chega ao coração de todos os homens e mulheres! Vem, Senhor Jesus!
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