Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». E, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, tem de perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».
| Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?
Algum pai (que seja bom) quer que os seus filhos sofram ou sejam mortos? Deus é um Pai absolutamente bom. Por isso, não quer o sofrimento nem a morte na cruz. Então, como podemos entender o que aconteceu com Jesus? «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado [...]; tem de ser morto». O que Deus quis foi que Jesus defendesse todos os que sofrem por causa das atitudes de pessoas prepotentes e violentas. Ontem como hoje, os que têm poder (económico, político, social, religioso...) causam demasiado sofrimento aos que carecem de qualquer tipo de poder. Jesus colocou-se do lado destes. E foi vítima daqueles. Por isso, morreu na cruz. Assim, podemos compreender que Deus apenas aceita o sofrimento que nasce da luta contra o sofrimento! A teologia do «sacrifício» e da «expiação» - embora esteja presente em alguns textos do Novo Testamento - não pode ser acolhida ou defendida pelos cristãos. O Pai de Jesus não precisa de sangue nem de morte para ser misericordioso e perdoar. O sofrimento e a morte de Jesus foram uma consequência de uma vida «perdida» por amor aos outros. Infelizmente, este é o caminho que continua a ser válido para nós. Só isso nos pode salvar. Uma vida ao lado dos poderosos traz prestígio e talvez bem-estar. Mas tem como destino a ruína e não a salvação. «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» - propõe o Papa na mensagem para esta Quaresma. «Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».
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