Entramos no novo Ano Litúrgico. E Deus
mantém a iniciativa de falar connosco como a amigos. É o presente que Ele nos
oferece dia após dia, semana após semana, como alimento necessário para manter
viva a nossa fé e a nossa esperança. No caminho do Advento até à Epifania, a liturgia propõe uma bela
história de encontro. Hoje,
a boa notícia é que, neste tempo de Advento, Deus vem ao nosso encontro para
fortalecer a nossa esperança. De facto, o Advento é tempo de espera e de esperança. A espera supõe a esperança. Hoje, num tempo de pressas, em que ninguém
tem tempo, a possiblidade de viver a espera é um dom, um presente. Quando
alguém espera mantém-se desperto, vigilante. Não é uma espera passiva, inútil,
vazia, de tempo perdido. É como um desejo do coração e uma atenção do olhar que
quer descobrir a novidade que está para acontecer. «É uma esperança aberta ao
futuro e à última vinda do Senhor Jesus; mas atenta e vigilante no presente.
Pois cada dia é um ‘presente’ que Deus nos dá, nova oportunidade para ganharmos
uma vida com projecção eterna» (Lopes
Morgado). O
Advento é também tempo de vigilância. O verbo vigiar é a melhor acção para
caracterizar esta primeira semana de Advento. Não é por acaso que no breve
texto do evangelho segundo Marcos hoje proclamado a palavra vigiar aparece
quatro vezes. «Digo-o a todos: vigiai».
Este verbo – vigiar – pode ter dois significados. Vigiar, no sentido de esperar
um acontecimento ou uma situação não concretizada, ainda não iniciada. Esperar
alguém que ainda não chegou. Mas, desta forma, esperar é inquietante; e pior
ainda quando a pessoa tarda em chegar. É uma espera passiva, que pode resvalar
em desespero. Há pessoas que esperam Deus assim! É a ameaça do encontro com
Deus pela morte ou pelo fim do mundo, como um acontecimento catastrófico que
destrói tudo o que se tem de bom e de melhor. É uma espera inútil. Apenas serve
para diminuir ou aniquilar a beleza da vida. E há um outro sentido para a
palavra vigiar: reconhecer os sinais de um acontecimento que já começou ou que
chegou até nós. Este sentido pressupõe uma atitude activa e dinamizadora.
Faz-nos entrar em acção. Esperar alguém que já está próximo é também ir à
procura para o reconhecer ou para o encontrar. É pois esta a atitude que Jesus
nos recomenda para este início de Advento. O vigilante é aquele que está
desperto, enquanto todos os outros dormem. O cristão permanece atento a todos
os sinais da proximidade de Deus. Quando o despertador toca em cada manhã, pelo
menos duas opções tomam o nosso pensamento: continuar mais um pouco na cama ou
saltar rapidamente com alegria. O que é que faz a diferença? É a nossa atitude
perante o que nos espera! Pois, quando aguardamos algo interessante ou novo, a
nossa disponibilidade para acordar é (muito) maior. Que seja esta segunda
hipótese a orientar-nos, neste Advento: esperar algo interessante ou novo. Neste Advento, como vais estar mais
vigilante? Deus vem ao nosso encontro. E nós vamos colocar-nos a caminho «para ver o que
aconteceu em Belém» - sugere-nos o nosso Arcebispo, na mensagem para este
tempo. O Advento «tem como horizonte o mesmo desejo dos pastores: ‘ver o
que aconteceu em Belém’».
As quatro semanas de Advento resumem todas as maravilhas do Criador, ao
longo de anos de esperança vividos pelos Patriarcas e Profetas. Também
sintetizam o tempo próximo do Precursor que clamava no deserto, parar preparar
(segunda semana) o caminho e, pelo seu testemunho, ajudar a acreditar (terceira
semana) no Messias. E resumem o silêncio amoroso e a disponibilidade de Maria
para confiar (quarta semana) no projecto salvador de Deus. Hoje, estas quatro
semanas de Advento resumem a nossa própria vida. E a nossa abertura à
«fecundidade do Espírito. É nesta dinâmica que se constroem verdadeiras
comunidades à escuta da Palavra!» (Programa Pastoral). Bom Advento!
> http://www.paroquiasdebraga.org/content_portal.asp?BTreeID=01&treeID=01&newsID=16953&auxID=MN
> http://www.paroquiasdebraga.org/content_portal.asp?BTreeID=01&treeID=01&newsID=16953&auxID=MN
Deus, nosso pai e redentor,
ResponderEliminarTu nos ofereces este tempo de Advento
como um tempo de esperança.
Um tempo para Te esperar,
sem nos deixarmos adormecer!
Mantém-nos acordados, vigilantes,
para nos alimentarmos da Tua Palavra.